A idéia é falar de um disco que considero fundamental, mas esta é uma lista muito particular tendo como objetivo apenas ajudar os iniciantes a se orientar em suas buscas e aqueles que já conheçam os álbuns em questão a criticarem minhas escolhas, comentando, pois isso é extremamente importante para saber se a idéia é boa. Também terei convidados que dividirão suas preferências e compartilharão suas listas de discos indispensáveis e absolutamente fundamentais! E se você também tem a sua lista de discos fundamentais comentados mande pra mim no email (marciatunes@gmail.com), vamos compartilhar experiência!

sábado, 21 de maio de 2016

CONVIDADO - Marcelo M. Lee e sua lista de discos fundamentais

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Márcia: Tem muitas pessoas que admiro e procuro estar sempre por perto desta pessoas, uma delas é este maluco beleza chamado Marcelo Maddy Lee, que dedica um tempo ao seu incrível  blog, outra excelente opção de blog.


Marcelo:
Quando a queridona Márcia me convidou para essa empreitada eu fiquei cheio de dúvidas. Quem me conhece sabe o quanto é difícil, para mim, fazer esse tipo de lista; quando pedem 5, penso em 50; pedem 10, penso em 1.000... É um desastre! Acho muito injusto deixar de fora tanta coisa boa; então, pensei em como sair dessa enrascada... A saída veio de uma ideia da pessoa mais fantasticamente inteligente que eu conheço: minha mulher, Ludmila. E claro, tinha que ser uma coisa simples e óbvia. Ela disse: “Por que você não lista aqueles discos que foram os primeiros que você mais gostou na vida? Não é uma lista de discos fundamentais?” Brilhante!!!
Minhas lembranças mais antigas a respeito de música são as de meu pai que, ritualmente, todo domingo, enquanto toda a família se reunia pra ver TV, pegava um disco e colocava na vitrola; sempre música clássica, sinfonias ou óperas; na maior parte das vezes era algo do Beethoven, ídolo maior dele. Como não esquecer a introdução da 5º Sinfonia? Tan-tan-tan-taaaaannnn!!! Como essas quatro notas me assombravam! E que delícia não vinha a seguir? Eu tinha uns 3 ou 4 anos e isso me marcou tão profundamente que posso dizer que foi o estopim pra eu me viciar em música. A partir de certo momento, todo domingo eu sentava com meu pai pra ouvir seus discos. Foi ele quem me ensinou os nomes dos instrumentos e qual som cada um deles fazia – nada mal para quem foi criado na roça, teve muito pouco estudo e aprendeu tudo isso por si mesmo, só observando. Até hoje ele, que está agora com 94 anos, escuta música (sempre clássica) em seu radinho colado no único ouvido que ainda funciona. Essa é a maior herança que ele poderia ter me dado: a paixão pela boa música.
Eu sou o caçula de uma família de 7 irmãos e, claro, fui influenciado por todos. Uma de minhas irmãs, a Vania, era (ainda é!) completamente viciada no filme e nas músicas de “A Noviça Rebelde”. Eu lembro bem do dia em que toda a família foi assistir ao filme na matinê de algum cinema da Praça Saenz Peña (Tijuca, Rio de Janeiro); foi um evento e tanto, que raramente acontecia, todos sairmos juntos, ainda mais para ir ao cinema! Não me lembro se o filme era dublado ou não, mas a letra de “Do-Re-Mi” está na minha cabeça desde então. Meus primeiros passos em fazer algum tipo de música. Chegando em casa fui direto num daqueles xilofones de brinquedo e, com o disco tocando, lá fui eu: “dó mi mi / ré fá fá / lá si si / dó mi mi / mi sol sol / ré fá fá / lá si si...” Até hoje não parei.  E, bem, a trilha toda está no coração, não tem jeito. My favourite things. So long, farewell, auf wiedersehen, goodbye!
Outro dos meus irmãos, dessa vez o Celso. O compacto da música “The Rain Drops Keep Falling On My Head”, cantada por B J Thomas, e que fazia parte da trilha do (totalmente excelente) filme “Butch Cassidy And The Sundance Kid” chegou emprestado, mas logo esse meu irmão teve que comprar um novo, porque era aquela coisa bem de criança, meio obsessivo: “Acabou? Põe de novo? Por favor?!?!” rsrsrsrs Fiquei viciado naquela música e, até hoje, quando estou triste, é só ouvi-la para as memórias de felicidade infantil me inundarem. Melhor que qualquer Prozac!
Como vocês podem ver, a família toda gosta de música; nos anos 60 era quase que impossível viver sem ela. A Beatlemania e a Jovem Guarda tinham seus fãs por lá, também. Beth, minha irmã e madrinha, era beatlemaníaca, louca pelo Paul; todos os discos dos Beatles que tinha lá em casa eram dela. A capa de “Help!” é icônica e provavelmente esse foi o chamariz para despertar meu interesse. Mas, também, não há como ficar imune a um disco que apresenta logo de cara “Help!”, “The Night Before” e “You’ve Got Your Hide Your Love Away”. Esse foi o primeiro deles que gostei muito; anos depois, eu mudaria minha preferência para a dupla “Rubber Soul” e “Revolver” (o que vale até hoje). O filme eu só fui ver muitos anos depois disso.
“É uma brasa, mora?” O grande ídolo, o Rei, Roberto Carlos, no cinema, em ritmo de aventura? Vocês acham que eu fiquei imune? De jeito e maneira! “Roberto Carlos Em Ritmo de Aventura” é um filme bem non-sense, com um fiapo de história pra justificar a apresentação de várias músicas, bem no estilo do “Help!” aí de cima – afinal, o que é a Jovem Guarda além de uma tentativa de copiar toda essa galera gringa? Mas o disco com as músicas do filme talvez seja o melhor de todos que RC lançou. Dizem que nessa época ele estava brigado com o Erasmo; o disco só tem uma música da parceria (“Eu Sou Terrível”) e tem como banda de apoio Renato e Seus Blue Caps, acompanhados dos teclados de (agora com status de “cult”) Lafayette. “Eu Sou Terrível”, “Como É Grande O Meu Amor Por Você”, “Por Isso Corro Demais”, “Você Deixou Alguém A Esperar”, “De Que Vale Tudo Isso?”, “Quando”, “Você Não Serve Pra Mim”, “E Por Isso Estou Aqui”, caraca, só classicaços!! Mas a que eu mais gostava era a divertida “O Sósia”; para uma criança com grande imaginação, a ideia de ter um cara igualzinho ao RC era algo incrível. Essa foi também uma das primeiras músicas que fiz questão de aprender a tocar, quando comecei a castigar as cordas do violão.
Já passou metade da lista e vocês já devem ter percebido que a relação entre imagem e música sempre teve muita importância na minha vida. Então vocês podem concluir qual o efeito que a capa do primeiro disco do Black Sabbath teve na cabeça de um moleque que, nessa época, já era viciado em histórias em quadrinhos, super-heróis e contos de horror. Dessa vez foi um amigo de um dos meus irmãos, o Marcelão, meu xará (e que mais tarde se transformaria em um dos melhores amigos que já tive na vida), que fez essa presença. Eu já estava salivando antes mesmo da Introdução do disco, com aquele barulho de chuva, o sino tocando e a entrada repentina das notas mais pesadas e poderosas que eu tinha ouvido até então. Acho que o sorriso que eu dei nessa primeira vez é o mesmo até hoje. Nem precisava de mais nada, mas “The Wizard”, o solo de guitarra interminável de “Warning” e “N.I.B.” me deixaram completamente rendidos; porém, até hoje, o que eu mais curto nesse disco é aquele solo de baixo, antes da “N.I.B.” (hoje em dia eu sei que se chama “Bassically”, mas pra mim sempre será “o solo de baixo do Geezer Butler”). Fantástico!
Daqui pra frente eu posso dizer que em todos os discos listados eu tive a influência do Marcelão ou do meu irmão Alexandre, ou dos dois, fica difícil de distinguir. A princípio o Led Zeppelin não me chamava tanta atenção, mas tive que me render a “Stairway To Heaven”, não teve jeito, ainda mais quando precedida por “Black Dog”, “Rock & Roll”, “The Battle Of Evermore”. Depois era o segundo lado do LP e a poeira não baixava de jeito nenhum. Ainda me lembro de ficar ouvindo “When The Levee Breaks” muito alto, de olhos fechados, aquela levada hipnótica me levando para lugares inatingíveis. Eu era um moleque, nem sabia que drogas existiam, mas já viajava bonito!! rsrs
Essa era uma época boa, né, não? Uma avassaladora quantidade de discos do mais alto nível. Eu já enlouquecia com “Speed King” e ensandecia minha mãe gritando junto com o Gillan em “Child In Time”, sem contar que a capa do “In Rock” é uma das mais icônicas do rock em geral. Mas foi com “Machine Head” que eu percebi que a brincadeira era um pouco mais séria. Que disco foda! Se com todos os discos anteriores eu já alimentava a ideia de querer aprender a tocar guitarra, foi com esse que eu me decidi. O Marcelão me ensinou o riff de “Smoke On The Water”, basicão, não parei mais.
Naquela época passava na TV Globo, aos sábados, um programa chamado “Sábado Som”, apresentado pelo Nelson Motta. Foi ali que vi pela primeira vez o Yes. “Close To The Edge” na televisão? Em pleno sabadão? Hoje em dia isso seria impossível! Quem é aquele cabeludo tocando um monte de teclados? E aquele feioso fazendo careta enquanto esmerilha a guitarra? E aquele varapau arrebentando no baixo? Como canta esse cara! Esse batera é um animal! Eu queria SER eles! Eu queria tocar aquelas músicas. Já estava infectado e nem sabia. Alguns dias depois o Masakuni (um amigo que morava na mesma rua, japonês autêntico) chegou com o “Yessongs” debaixo do braço, que seu pai tinha trazido do Japão; logo foi gravado em cassetes pra toda a galera; eu tinha a minha fita e ela provavelmente se desgastou de tanto que eu a tocava.
Finalmente o último da lista, outro disco icônico, que juntou tudo o que mais gostava. Eu já pirava com o Rick Wakeman no Yes, aí ele resolveu juntar um dos livros que eu mais gostava (“Viagem Ao Centro Da Terra”, de Jules Verne, que também era um desenho animado que eu adorava), rock, orquestra e coral. Que fantástico! A primeira vez que ouvi o disco foi num programa de rádio, que tocava um disco inteiro toda quarta-feira à noite (acho que começava à meia-noite, não lembro bem), se não me engano na Eldorado; o cara anunciou: “hoje tocaremos o disco Viagem ao Centro da Terra de Rique Vaqueman”, desse jeito. rsrsrs A vinda dele ao Brasil pouco tempo depois foi um tremendo acontecimento. Teve uma vez que enquanto eu ouvia o disco meu pai parou na porta do quarto e disse: “ele já tocou Brahms um monte vezes aí, e outros também, ele não consegue fazer nada original, não?” rsrsrsrs Mas o resultado final é absurdamente surpreendente e maravilhoso.

Daí pra frente discos e mais discos continuaram a me formar, virei colecionador, músico e um ávido consumidor de Cultura. Se eu tivesse nascido hoje em dia, será que isso aconteceria, com esse cenário musical medíocre dos dias de hoje?
É isso aí, espero que tenham se divertido.

1. London Symphony Orchestra - Ludwig Van Beethoven. Symphony Nº 5 In C Minor, Op. 67 (59,9mb)

2. The Sound Of Music (Original Soundtrack) [Re-Issue 2000] (100,4mb)

3. B. J. Thomas – The Rain Drops Keep Falling On My Head [Single] (2,7mb)

4. The Beatles - Help! [Japan Mono Masters] + Help! [Remastered 2009] (235,1mb)

5. Roberto Carlos – Em Ritmo De Aventura (32,7mb)

6. Black Sabbath – Black Sabbath [Deluxe Expanded Edition] (200,9mb)

7. Led Zeppelin – Led Zeppelin IV [2014 Deluxe Edition] (203,4mb)

8. Deep Purple – Machine Head [40th Anniversary Deluxe Edition] (4 CDs) (562,2mb)

9. Yes – Yessongs (280,3mb)

10. Rick Wakeman – Journey To The Centre Of The Earth (89,6mb)


3 comentários:

  1. E eu, achando que ia demorar pra você postar... rsrsrsrs
    Exercitar esse lado de contador de causos, relembrar o passado e tentar fazer isso tudo de uma forma divertida para mim e para os que forem ler, minha queridona, é um tremendo e delicioso desafio. Espero ter me saído bem e que a galera curta os causos e as músicas.
    Em breve colocarei um link pra cá, lá no Plano Z.
    Aliás, todos estão convidados pra dar uma viajada entre várias dimensões e universos paralelos lá do Plano Z.
    Valeu, Márcia!
    Tudo de bom!
    Beijaço-aço-aço!

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